Precauções
Ao considerar o uso de IRESSA como tratamento de primeira linha para CPNPC avançado ou metastático, é recomendado que a avaliação da mutação de EGFR do tecido tumoral seja feita para todos os pacientes. Ao avaliar o status da mutação de um paciente, é importante que uma metodologia robusta e bem validada seja escolhida para minimizar a possibilidade de determinações falso-positiva ou falso-negativa. Na indicação de primeira linha, IRESSA não deve ser usado em preferência a quimioterapia combinada em pacientes com mutação negativa.
Doença intersticial pulmonar (DIP) que pode iniciar-se de forma aguda, foi observada em pacientes em uso de IRESSA e alguns casos foram fatais. Se o paciente apresentar piora dos sintomas respiratórios como dispneia, tosse e febre, IRESSA deve ser interrompido e a investigação deve ser iniciada. Se a doença intersticial pulmonar for confirmada, IRESSA deve ser descontinuado e o paciente deve ser tratado adequadamente.
Em um estudo controle fármaco-epidemiológico japonês (ver item "Reações adversas a medicamentos") com 3159 pacientes com CPNPC que foram acompanhados durante 12 semanas recebendo IRESSA ou quimioterapia, os seguintes fatores de risco para o desenvolvimento de DIP (independentemente se o paciente recebeu IRESSA ou quimioterapia) foram identificados: tabagismo, performance status pobre (PS ? 2), redução de áreas pulmonares normais (? 50%) evidenciada por tomografia computadorizada, diagnóstico recente para CPNPC ( < 6 meses), DIP pré-existente, idade avançada (? 55 anos) e doença cardíaca concomitante. O risco de mortalidade entre os pacientes que desenvolveram DIP em ambos os tratamentos foi maior em pacientes com os seguintes fatores de risco: tabagismo, redução de áreas pulmonares normais (? 50%) evidenciada por tomografia computadorizada, DIP pré-existente, idade avançada (? 65 anos), e extensas áreas de aderência pleural (? 50%).
Foram observadas anormalidades de testes da função hepática (incluindo aumento de alanina aminotrasferase, aspartato aminotrasferase e bilirrubina), raramente apresentadas como hepatite. Houve relatos isolados de falência hepática, que em alguns casos, levou a óbito. Portanto, é recomendado teste periódico da função hepática. IRESSA deve ser usado com cautela na presença de alterações da função hepática leves a moderadas. Deve ser considerada a descontinuação em casos de alterações graves.
Eventos cerebrovasculares foram relatados nos estudos clínicos de IRESSA. Não foi estabelecida uma relação com IRESSA.
Substâncias indutoras da atividade do CYP3A4 podem aumentar o metabolismo e diminuir as concentrações plasmáticas do gefitinibe. Portanto, o uso concomitante com indutores do CYP3A4 (por exemplo, fenitoína, carbamazepina, rifampicina, barbitúricos ou erva de São João) pode reduzir a eficácia do gefitinibe.
Elevações do INR (International Normalised Ratio) e/ou eventos de sangramento foram relatados em alguns pacientes em uso de varfarina. Esses pacientes devem ser regularmente monitorados para detecção de alterações do tempo de protrombina (TP) ou INR.
Substâncias que causam elevações prolongadas significativas do pH gástrico podem reduzir as concentrações plasmáticas do gefitinibe, podendo, conseqüentemente, reduzir sua eficácia.
Os pacientes devem ser aconselhados a procurar imediatamente orientação médica caso ocorra:
-diarréia grave ou persistente, náusea, vômito ou anorexia.
Tais sintomas devem ser tratados conforme indicação clínica.
Os pacientes que apresentam sinais e sintomas sugestivos de ceratite aguda ou grave, tais como inflamação ocular, lacrimejamento, sensibilidade à luz, visão turva, dor e/ou vermelhidão ocular devem ser encaminhados imediatamente para um oftalmologista. Se o diagnóstico de ceratite ulcerativa for confirmado, o tratamento com IRESSA deve ser interrompido, Se os sintomas não desaparecerem ou se reaparecerem com a reintrodução de IRESSA a interrupção permanente deve ser considerada.
Em um estudo fase I/II de IRESSA e radiação em pacientes pediátricos, recentemente diagnosticados com glioma de tronco cerebral ou glioma maligno supratentorial parcialmente ressecado, foram relatados 4 casos (1 fatal) de hemorragia do Sistema Nervoso Central (SNC) em 45 pacientes estudados. Foi relatado, em um estudo com IRESSA em monoterapia, um caso de hemorragia do SNC em uma criança com ependimoma. Um risco aumentado de hemorragia cerebral em pacientes adultos com CPNPC em uso de IRESSA não foi estabelecido.
Dados de estudo clínico de fase II, onde IRESSA e vinorelbina foram usados concomitantemente, indicaram que IRESSA pode exacerbar o efeito neutropênico da vinorelbina.
Perfuração gastrointestinal foi relatada em pacientes tomando IRESSA. Na maioria dos casos está associada a outros fatores de risco conhecidos, incluindo o aumento da idade, medicações concomitantes, tais como esteróides ou AINEs, histórico subjacente de ulceração GI, fumar, ou metástases intestinais em locais de perfuração.
Efeitos sobre a capacidade de dirigir veículos e operar máquinas
Foi relatada astenia durante o tratamento com IRESSA e os pacientes que apresentam esses sintomas devem ter cautela ao dirigir veículos ou operar máquinas.
Este medicamento contém lactose (163,50 mg/comprimidos).
Gravidez e lactação
Categoria de risco na gravidez: D.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Informe imediatamente seu médico em caso de suspeita de gravidez.
Não existem dados sobre o uso de IRESSA em mulheres grávidas ou que estejam amamentando. Estudos em animais mostraram toxicidade reprodutiva. Estudos em animais também indicam que o gefitinibe e alguns dos seus metabólitos passam através do leite de ratas. Mulheres em idade fértil devem ser aconselhadas a evitar a gravidez e mães que estejam amamentando devem ser orientadas a interromper a amamentação durante o uso de IRESSA.
Resultados de eficácia
Estudo IPASS (Mok TS et al. N Eng J Med 2009; 361:947)
Em um estudo clínico fase III conduzido na Ásia com 1217 pacientes com histologia de adenocarcinoma CPNPC avançado (estágio IIIB ou IV), ex-fumantes leves (pararam de fumar há mais de 15 anos e fumaram menos que 10 anos) ou que nunca fumaram e que não receberam quimioterapia anteriormente, IRESSA comprovou ser superior a carboplatina (area sob a curva [AUC] 5,0 ou 6,0)/paclitaxel (200 mg/m2) em termos de Sobrevida Livre de Progressão (SLP) (Razão de Risco [HR] 0,741; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,651 a 0,845; p < 0,0001), que foi o desfecho primário do estudo. O efeito não foi constante ao longo do tempo, favorecendo inicialmente carboplatina/paclitaxel e em seguida favorecendo IRESSA, direcionado pelas diferenças nos resultados SLP pelo status da mutação EGFR. O status da mutação EGFR foi um forte biomarcador preditivo para o efeito de IRESSA comparado com carboplatina/paclitaxel.
As Taxas de Resposta Objetiva (ORR) foram superiores com IRESSA (43,0%) versus carboplatina/paclitaxel (32,2%) (Odds Ratio [OR] 1,59; IC 95%: 1,25 a 2,01; p=0,0001). Um número significativamente maior de pacientes tratados com IRESSA apresentou uma melhora clínica importante na qualidade de vida (QOL) versus carboplatina/paclitaxel (score total para Avaliação Funcional da Terapia do Câncer de Pulmão [FACT-L]; 48% versus 41%, OR 1,34, IC 95% 1,06 a 1,69, p=0,0148; Índice dos Resultados do Estudo [TOI] 46% versus 33%, OR 1,78, IC 95% 1,40 a 2,26, p < 0,0001). Proporções similares de pacientes em ambos os tratamentos apresentaram uma melhora nos sintomas de câncer de pulmão (FACT-L Subescala de Câncer de Pulmão [LCS]) de 52% para IRESSA versus 49% para carboplatina/paclitaxel (OR 1,13; IC 95% 0,90 a 1,42; p=0,3037).
Análises exploratórias pré-planejadas foram conduzidas nos dados de biomarcadores durante a analise primaria. Um total de 437 pacientes tiveram os dados avaliados para análise de mutação do EGFR. A Sobrevida Livre de Progressão (SLP) foi significativamente maior para IRESSA do que para carboplatina/paclitaxel em pacientes com mutação positiva EGFR (n=261, HR 0,48, IC 95% 0,36 a 0,64, p < 0,0001), e significativamente maior para carboplatina/paclitaxel do que para IRESSA em pacientes com mutação negativa do EGFR (n=176, HR 2,85, IC 95% 2,05 a 3,98, p < 0,0001). Os pacientes foram considerados com mutação positiva do EGFR se uma das 29 mutações do EGFR fossem detectadas pelo Sistema de Amplificação Refratária de Mutação (ARMS) usando kit de detecção de mutação EGFR 29 DxS. Os pacientes foram considerados com mutação negativa do EGFR se as amostras fossem analisadas com sucesso e nenhuma das mutações do EGFR 29 fossem detectadas. Resultados de SLP no subgrupo com status de mutação do EGFR desconhecido (HR com gefitinibe, 0,68, IC 95% 0,58 a 0,81, p < 0,0001) foram similares aos da população geral.
Em pacientes com mutação positiva do EGFR, ORR foi superior para IRESSA (71,2%) versus carboplatina/paclitaxel (47,3%) (OR 2,751, IC 95% 1,646 a 4,596, p=0,0001). Em pacientes com mutação negativa do EGFR, ORR foi superior para carboplatina/paclitaxel (23,5%) versus IRESSA (1,1%) (OR 0,036, IC 95% 0,005 a 0,273, p=0,0013).
Em pacientes com mutação positiva do EGFR, um número significativamente maior de pacientes tratados com IRESSA apresentou uma melhora na qualidade de vida e nos sintomas de câncer de pulmão versus carboplatina/paclitaxel (score total FACT-L; 70,2% versus 44,5%, p < 0,0001) (TOI 70,2% versus 38,3%, p < 0,0001) (LCS 75,6% versus 53,9%, p=0,0003). Em pacientes com mutação negativa do EGFR, um número significativamente maior de pacientes tratados com carboplatina/paclitaxel apresentou uma melhora na qualidade de vida e nos sintomas de câncer de pulmão versus IRESSA (score total FACTL; 36,3% versus 14,6%, p=0,0021) (TOI 28,8% versus 12,4%, p=0,0111), (LCS 47,5% versus 20,2%, p=0,0002).
Uma análise da sobrevida global (SG) foi realizada após 954 mortes (maturidade de 78%), que demonstrou não haver diferença estatisticamente significativa em SG para IRESSA versus carboplatina/paclitaxel na população total do estudo (HR 0,901, IC 95% 0,793 a 1,023, p=0,1087). SG mediana: IRESSA, 18,8 meses, carboplatina/paclitaxel, 17,4 meses.
As análises de subgrupo da SG por status de mutação do EGFR não mostraram diferença significativa na SG para IRESSA versus carboplatina/paclitaxel no subgrupo de pacientes sabidamente com tumores com mutação positiva (HR 1,002, IC 95% 0,756 a 1,328; SG mediana 21,6 meses vs.21.9 meses) ou negativa (HR 1,181, IC 95% 0,857 a 1,628; SG mediana 11,2 meses versus 12,7 meses). Os resultados SG no subgrupo de pacientes com status de mutação desconhecido (HR 0,818, IC 95% 0,696 a 0,962; SG mediana 18,9 meses versus 17,2 meses) foi consistente com a população geral.
No estudo IPASS, IRESSA demonstrou SLP, ORR, qualidade de vida e alívio dos sintomas superiores, sem diferença significativa na sobrevida global em comparação com carboplatina/paclitaxel em pacientes não tratados previamente, com CPNPC localmente avançado ou metastático, cujos tumores abrigaram mutações ativadoras da tirosina quinase EGFR.
Estudo INTEREST (Kim E et al. Lancet 2008; 372 1809-18)
Em um estudo clínico fase III com 1466 pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC) localmente avançado ou metastático, que tinham recebido previamente quimioterapia à base de platina e eram elegíveis para quimioterapia, IRESSA provou ser não-inferior ao docetaxel (75 mg/m2) em termos de sobrevida global (Razão de risco [HR]=1,020, intervalo de confiança [IC] 96%: 0,905 a 1,150 [IC completamente abaixo do limite de não-inferioridade de 1.154], mediana de 7,6 versus 8,0 meses).
IRESSA também comprovou proporcionar taxas de sobrevida livre de progressão semelhantes (HR=1,04, IC 95%: 0,93 a 1,18, p = 0,466, mediana de 2,2 versus 2,7 meses) e taxas de resposta objetiva (9,1% versus 7,6%, odds ratio [OR]=1,22, IC 95%: 0,82 a 1.84, p=0,3257), comparado ao docetaxel. Um número significativamente maior de pacientes tratados com IRESSA apresentou melhora clínica importante na qualidade de vida, em comparação com o docetaxel (Avaliação Funcional da Terapia do Câncer de Pulmão [FACT-L] Índice dos Resultados do Estudo [TOI]: 17% versus 10%, p= 0,0026; pontuação total FACT-L: 25% versus 15%, p < 0,0001). Proporções semelhantes de pacientes em ambos os tratamentos apresentaram uma melhora nos sintomas do câncer de pulmão (Subescala de Câncer de Pulmão [LCS] FACT-L 20% versus 17%, p= 0,1329).
A análise coprimária, avaliando a sobrevida global em 174 pacientes, com elevado número de cópias do gene EGFR, não demonstrou superioridade do IRESSA ao docetaxel. Resultados de sobrevida em pacientes com elevado número de cópias do gene EGFR foram semelhantes para ambos os tratamentos (HR=1,087; IC 95%: 0,782 a 1,510, p=0,6199, mediana de 8,4 versus 7,5 meses).
Estudo ISEL (Thatcher N et al. Lancet 2005; 366:1527-37)
Em um estudo clínico fase III, duplo-cego, com 1692 pacientes, comparando IRESSA mais terapia de suporte com placebo mais terapia de suporte em pacientes com CPNPC em estágio avançado, que receberam previamente 1 ou 2 regimes de quimioterapia e não responderam ou foram intolerantes para o regime mais recente, IRESSA não prolongou significativamente a sobrevida na população total (HR=0,89, IC: 0,77 a 1,02, p= 0,09, mediana 5,6 versus 5,1 meses para IRESSA e placebo, respectivamente), ou em pacientes com adenocarcinoma (HR=0,84, IC: 0,68 a 1,03, p= 0.09, mediana 6,3 versus 5,4 meses para IRESSA e placebo, respectivamente). Análises pré-programadas de subgrupo mostraram um aumento estatisticamente significativo na sobrevida de pacientes com etnia oriental tratados com IRESSA, em comparação com placebo (HR=0,66, IC: 0,48 a 0,91, p= 0,01, mediana 9,5 versus 5,5 meses) e para os pacientes que nunca tinham fumado, tratados com IRESSA, em comparação com placebo (HR=0,67, IC: 0,49 a 0,92, p= 0,01, mediana 8,9 versus 6,1 meses).
A análise exploratória de dados do número de cópias do gene EGFR mostrou que o efeito do tratamento com IRESSA comparado com placebo na sobrevida, foi maior em pacientes com elevado número de cópias do gene EGFR comparado com pacientes com baixo número de cópias do gene EGFR (interação valor p=0,0448). A razão de risco IRESSA para placebo, em pacientes com elevado número de cópias do gene EGFR, foi 0.61 (N=114; IC 95%: 0,36 a 1,04, p= 0,067) e a razão de risco para pacientes com baixo número de cópias do gene EGFR foi 1.16 (N=256; IC 95%: 0,81 a 1,64, p= 0,42). Para pacientes em que o número de cópias do gene EGFR não foi testado (N=1322, HR=0,85, IC: 0,73 a 0,99, p= 0,032), o HR foi similar àquele visto para a população global do estudo, como deveria ser esperado.